domingo, 10 de julho de 2011

Eu li: Otelo - O mouro de Veneza

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Escrito por William Shakespeare, Otelo, um clássico do teatro, mostra o orgulho, a desconfiança, a perversidade humana e o amor.
É sem dúvida um ótimo livro para ler. Não por causa da sua narrativa, mas por mostrar de forma brilhante que a desconfiança pode ser o maior mau de um casamento.

É difícil para mim fazer uma resenha decente do livro, já que a versão que eu li é teatral, e também, por eu não ser "expert" em resenhas.
O que posso dizer, é que Otelo mostra a perfeição que nem sempre existe o "felizes para sempre" e que nem o maior dos amores resiste ao tempo quando não se tem confiança plena. E é nisso que podemos refletir no livro: é melhor confiarmos cegamente em quem amamos e correr o risco de sermos enganados, ou é melhor ficarmos com um pé atrás sempre? Ao me ver, esse questionamento é bem difícil e ambas as alternativas podem levar a uma tragédia grega.

Uma das partes do livro que não me sai da mente é a que Iago diz incessantemente para Rodrigo por dinheiro no bolso. Vou colocar alguns trechos:
"Oh, miserável! Contemplo o mundo há quatro vezes sete anos, e desde que me tornei capaz de distinguir de uma injúria um benefício, nunca encontrei um homem que soubesse como amar a si mesmo.[...]
Virtude? Uma figa! Depende de nós mesmos sermos assim ou assado. Nossos corpos são nossos jardins, cujos jardineiros são nossas vontades; de modo que se quisermos plantar urtiga e semear alface, deixar hissopo ou arrancar tomilho, provê-los apenas de determinada espécie de erva ou enchê-los de muitas variedades, esterilizá-los pela preguiça ou cultivá-los pelo trabalho... Ora, o poder exclusivo e a força reguladora de tudo reside apenas em nossa vontade. Se a balança de nossa vida não dispusesse de um prato de razão para contrabalançar o da sensualidade, o sangue e a baixeza de nossa natureza nos conduziriam às mais absurdas situações. Mas possuímos a razão para acalmar nossos instintos furiosos, os acúleos da carne, os desejos desenfreados. De onde concluo que o que denominais amor não é mais do que um sarmento ou uma vergôntea.
[...]"
Depois Iago diz repetidas vezes: "Põe dinheiro no bolso..."

Essa parte do livro certamente ficará na minha lembrança como um dos maiores ensinamentos do livro. Pois para mim, essa parte do livro(o livro todo, na verdade) se resume ao fato de não darmos valor a nós mesmos. E quando Iago diz para Rodrigo por dinheiro no bolso, ele na verdade diz para os leitores: dê tempo ao tempo. E a lição para mim é a de que não há nada que não possamos conseguir se acreditarmos em nós mesmos e dermos tempo ao tempo. Uma frase que resume isso melhor é uma frase cientifica que não me recordo o autor:
"Com o tempo, o impossível se torna possível, o possível se torna provável, e o provável, certamente acontecerá, basta esperarmos" e acreditarmos.
Enfim, ler Otelo traz grandes reflexões, aliás, ler é uma reflexão que só não entende quem não procura. O objetivo dessa série de posts "Eu li" não é simplesmente fazer uma resenha, é mostrar que cada livro traz consigo um ensinamento, e que mesmo algo que parece ser chato, pode no final nos trazer ótimos momentos de reflexão e de aprendizagem. Otelo me ensinou a acreditar em mim e a esperar pacientemente, mas e para você? Otelo(assim como qualquer livro) pode te acrescentar muito mais do que um momento de lazer.