Este post foi inspirado na questão 3 da prova de Sociologia e é uma visão pessoal minha.
Quando uma aluna dá a cola de um exercício a outra aluna, podemos dizer que quem está errado na história são as duas alunas, mas, dizer isso é muito fácil e não exige uma análise mais profunda dos fatos.
A verdadeira culpa não está nas alunas, muito menos no professor que deu zero para as duas depois de ver que as respostas eram as mesmas. O erro vem muito antes disso, e vem de quem nem está citado na história, a sociedade.
É difícil de aceitar isso, mas, a sociedade em que vivemos é a grande responsável por essa situação. A sociedade é a relação social e, é nela que agimos de forma consumista, tendo uma interações social de consumo onde o processo social é comprar, consumir. E esse processo se dá pela competição, onde temos que competir uns com os outros para ver quem compra mais, quem consome mais, sendo assim, esse processo é dissociativo.
Mas, o que isso tem a ver com a história?
É a partir daí que tudo começa.
Certa vez eu assisti um filme chamado "Os Sem Florestas", talvez vocês já o tenham assistido. Nesse filme, uma frase me chamou bastante a atenção:
"Os seres humanos vivem para comer", no filme diziam que nós inventamos o telefone para pedir comida, inventamos o meio de transporte para trazer a comida ou para ir até a comida, que trabalhamos para comprar comida, enfim, nossa existência gira em torno da comida.
Apesar dessa frase parecer besta e sem sentido, ela tem um fundo de verdade. Nós não vivemos para comer, mas, nós vivemos para consumir e quem não consome é excluído da sociedade.
É agora que a história das alunas começa a se relacionar mais evidentemente com o que estou dizendo.
Na nossa sociedade precisamos consumir, e para consumir precisamos ganhar dinheiro, e para ganhar dinheiro precisamos ter um emprego, para ter um emprego precisamos nos formar e para nos formar... a aluna Dione precisava daquela nota.
Bingo! Ela realmente precisava daquela nota!
Pronto, agora cheguei aonde eu queria. A sociedade, de forma indireta foi a grande responsável por essa situação entre as alunas.
Na nossa sociedade, temos como moral, o consumo. Por mais imperceptível que seja essa relação, ainda sim ela existe. Temos vários mecanismos legais e morais que participam diretamente do processo social de nossa sociedade.
Dizem que nossas leis foram feitas para organizar a sociedade e proteger os cidadãos, mas não é bem assim. Por traz de tudo isso há um mecanismo que ajuda o processo social. Muitas de nossas leis favorecem as empresas, a mídia, enfim, a elite, e isso só não é pior por causa das constantes buscas por uma sociedade melhor que algumas seletas pessoas vem buscando e lutando.
E é em uma sociedade consumista que Dione se vê obrigada a fazer alguma coisa para não reprovar, e como a sociedade já havia ensinado a ela, perdedores devem tentar trapacear para conseguirem satisfazer a nossa sociedade de consumo. E é exatamente isso que ela faz, tenta trapacear.
Mas, o professor dá zero para as duas, e, ciente da sociedade em que vivemos, chama as duas para uma conversa, e mesmo que não esteja escrito no texto, eu tenho certeza que ele foi ético com elas, e, ao invés de ter passado a mão na cabeça delas ou ter ignorado essa atitude, ele, creio eu, teve uma conversa onde ele mostrou para as duas que não é esse o caminho que elas devem seguir.
Infelizmente é em uma sociedade assim que vivemos, mas não podemos fechar os olhos e deixar que tudo continue assim. A grande vilã dessa história é a sociedade, mas, a sociedade é todos nós e por isso precisamos e podemos fazer algo contra isso.
P.S.: Quero agradecer ao professor Rogério que a cada aula e a cada dia nos mostra a sociedade em que vivemos e como desnaturaliza-la. Sem dúvida, o professor que mais contribuiu e contribui para um Eduardo melhor e mais ético.